quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Premio Dardos - Pegue o seu selo e participe!!!


O Prêmio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras. Esse selo foi criado com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros; uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à web."

O Blog "As palavras que me definem" indicou o "Blog EDUCADORA ESPECIAL" a esse prêmio!!!!
Agradeço o carinho e a indicação. Muito obrigada.
E para continuarmos esta corrente de indicações, lá vão algumas regras sobre o Prêmio e os indicados:

1) Você deve exibir a imagem do selo em seu blog;
2) Você deve linkar o blog pelo qual você recebeu a indicação;
3) Escolher outros blogs a quem entregar o Prêmio Dardos;
4) Avisar os indicados.

Indico os seguintes Blogs ao prêmio:

APAE Ccchoeira do Sul
Caminhos do Autismo
Educação Diferente
O mundo da alfabetização

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Brasileira quer combater preconceito contra crianças com síndrome de Down

Vanusa Morelli, mãe de Lohan, dá dicas para famílias que enfrentam a mesma realidad

Um dos livros recentes mais premiados no Brasil é ‘O Filho Eterno’, um romance autobiográfico de Cristovão Tezza, em que ele descreve a relação entre um pai e seu primeiro filho, disgnosticado com síndrome de Down, relatando de maneira sincera e até corajosa as dificuldades e as deliciosas surpresas inerentes à situação. Aqui no sul da Flórida, a brasileira Vanusa Moreli não escreveu um livro, mas tem histórias de sobra para contar sobre o que representa ser mãe de uma menina com necessidades especiais por conta deste acidente genético.

Sua caçula, Lohan, hoje com dois anos, lhe proporcionou uma nova maneira de encarar a vida. Hoje sou menos egoísta e passei a dar valor ao que realmente importa. Depois da chegada da Lohan, me sinto uma pessoa melhor, uma escolhida, revela Vanusa, que é mãe de outro filho, já adulto, mas que só agora na segunda maternidade conheceu o que ela define como "amor incondicional".

Mais do que falar sobre sua vida, ela quer fazer com que sua experiência sirva de exemplo para outras famílias que convivem com a mesma realidade. "Infelizmente ainda há muita desinformação e preconceito quando o assunto é sindrome de Down", admite a paulistana, que para saber mais sobre o assunto precisou passar muito tempo pesquisando na internet.

Vale ressaltar que Down não é doença, mas na verdade uma anomalia que gera no feto um determinado cromossomo dobrado, em vez dos 46 cromossomos em cada célula (23 do pai e 23 da mãe), comprometendo o intelecto do bebê. Segundo a ciência, a decisão de muitas mulheres de engravidar em uma faixa etária mais avançada contribuiu para aumentar os diagnósticos desta síndrome, mas a medicina tem propiciado condições para uma melhor avaliação e até tratamentos ainda no útero.

No caso de Lohan, o diagnóstico foi descoberto perto do sexto mês de gravidez."No consultório médico eu fui quase pressionada a fazer o aborto e, mesmo depois do parto, insinuaram que não precisaria levar o meu bebê para a casa, já que ela poderia ser mandada para um centro de adoção, denuncia Vanusa. Apesar do inegável trabalho extra com a filha com necessidades especiais, ela afirma que a criação não é um bicho de sete cabeças, até porque o governo americano tem ajudado em várias áreas, desde a alimentação, até a fisioterapia, passando por atendimento médico e educação especializada. E tudo isso independentemente do status imigratório dos pais.

Vanusa aproveita para comentar sobre alguns mitos relativos à síndrome. Um deles diz respeito à tão falada deformidade cardíaca, que no passado era responsável pela morte prematura das crianças com Down. A cirurgia é aconselhável logo nos primeiros meses após o nascimento para quem apresenta o problema no coração, mas este não foi o caso da Lohan. Além disso, o controle é constante, conta a brasileira. Nesse sentido, a melhor qualidade de vida que abrange, principalmente, a estimulação da criança permitiu que a expectativa de vida das pessoas com Down esteja perto dos 70 anos.

Por isso, é muito importante que a criança comece a fisioterapia o mais rápido possível, já que a atividade é fundamental para o desenvolvimento mental e físico. Essas crianças já nascem com o que chamamos de ‘direito adquirido’. A ajuda vem em, no máximo, 30 dias após o nascimento, diz Vanusa, que sugere que os pais procurem o Social Security assim que receberem o resultado do diagnóstico. Segundo ela, todos os meses chega em casa um cheque 678 dólares, além de outros benefícios do departamento Family Central (www.familycentral.org), como ‘food stamps’, auxílio-creche, cesta básica e plano de saúde. Lá, inclusive, há uma brasileira que se disponibiliza a atuar como intérprete, caso os pais tenham dificuldade com o idioma inglês.

Mas o maior benefício para os que estão à volta Lohan é a sua alegria. Ela é meiga, carinhosa e exala uma felicidade que contagia a todos. Eu costumo dizer que já acorda sorrindo, descreve Vanusa. Por serem mais sensoriais, acredita a brasileira, as crianças com Down são menos agressivas e buscam maior contato físico com as outras pessoas. Ou seja, não faltam abraços e beijos para quem convive com a pequena. Ela é a minha pílula de felicidade diária. Sou a mãe mais feliz deste mundo, afirma Vanusa.

Conheça vários aspectos do Transtorno Invasivo do Desenvolvimento do Autismo

Sabemos que todas as doenças caracterizadas por algum tipo de transtorno mental ou físico estão relacionadas a alterações de desenvolvimento. Uma delas é o autismo, que tem como características modificações qualitativas na comunicação, na interação social e no uso da imaginação da pessoa portadora.

O diagnóstico clínico preciso facilita a descoberta dessa doença, uma vez que é difícil saber a quantidade de autistas no mundo. No Brasil, por exemplo, fala-se em 170 mil. Por isso, a descoberta da doença ajuda a família e o portador a encararem com interesse as habilidades que são possíveis se desenvolver quando se tem autismo.

Segundo os especialistas, 30% das crianças terão um bom desenvolvimento intelectual, podendo entrar na faculdade, conseguir emprego, dirigir. Pensando em informar profissionais interessados no aprendizado sobre autismo, o Portal Educação lança o curso de Autismo - aspectos pedagógicos.

O objetivo é mostrar os vários aspectos dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento com ênfase no autismo, desde o entendimento da epidemiologia, etiologia, patogênese, fatores genéticos, imunológicos, até suas características clínicas e diagnóstico diferencial.

Em 60 horas o participante saberá de todos esses assuntos anteriormente citados e muito mais. Cada aluno tem 30 dias para concluir o curso. A turma inicia no dia 9 de novembro. O investimento é de R$ 174,15, que pode ser dividido em até três vezes no cartão de crédito, ao custo de R$ 58,05.

Os interessados que realizarem a matrícula durante o mês de novembro participarão da promoção do mês: terão 30 dias para fazer um curso de idiomas, podendo escolher entre inglês ou espanhol. Inscreva-se agora mesmo e venha para a escola de educação a distância mais premiada do Brasil. Acesse e confira: http://www.portaleducacao.com.br.

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Cientistas brasileiros consertam 'neurônio autista' em laboratório

O biólogo molecular e colunista do G1 Alysson Muotri e cientistas brasileiros conseguiram transformar neurônios de portadores de um tipo de autismo conhecido como Síndrome de Rett em células saudáveis. Trabalhando nos Estados Unidos, os pesquisadores mostraram, pela primeira vez, que é possível reverter os efeitos da doença no nível neuronal, porém os remédios testados no experimento, realizado em laborátorio, ainda não podem ser usados em pessoas com segurança.

Muotri, pós-doutor em neurociência e células-tronco no Instituto Salk de Pesquisas Biológicas (EUA) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, trabalhou com os também brasileiros Cassiano Carromeu e Carol Marchetto. O estudo sai na edição de sexta-feira (12) da revista científica internacional “Cell”.

Assista ao vídeo ao lado com explicações do próprio cientista.

Para analisar diferenças entre os neurônios, a equipe fez uma biópsia de pele de pacientes autistas e de pessoas sem a condição. Depois, reprogramou as células da pele em células de pluripotência induzida (iPS) – idênticas às células-tronco embrionárias, mas não extraídas de embriões. “Pluripotência” é a capacidade de toda célula-tronco de se especializar, ou diferenciar, em qualquer célula do corpo.

A reprogramação genética de células adultas é feita por meio da introdução de genes. Eles funcionam como um software que reformata as células, deixando-as como se fossem de um embrião. Assim, as iPS também podem dar origem a células de todos os tipos, o que inclui neurônios.

Como os genomas dessas iPS vieram tanto de portadores de autismo como de não portadores, no final o trio de cientistas obteve neurônios autistas e neurônios saudáveis

Comparação, conserto e limitações
Comparando os dois tipos, o grupo verificou que o núcleo dos neurônios autistas e o número de “espinhas”, as ramificações que atuam nas sinapses – contato entre neurônios, onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos de uma célula para outra – é menor.

Identificados os defeitos, o trio experimentou duas drogas para “consertar” os neurônios autistas: fator de crescimento insulínico tipo 1 (IGF-1, na sigla em inglês) e gentamicina. Tanto com uma substância quanto com a outra, os neurônios autistas passaram a se comportar como se fossem normais.

“É possível reverter neurônios autistas para um estado normal, ou seja, o estado autista não é permanente”, diz Muotri, que escreve no blog Espiral. “Isso é fantástico, traz a esperança de que a cura é possível. Além disso, ao usamos neurônios semelhantes aos embrionários, mostramos que dá para fazer isso antes de os sintomas aparecerem.”

Os resultados promissores, porém, configuram o que é chamado no meio científico de “prova de princípio”. “Mostramos que a síndrome pode ser revertida. Mas reverter um cérebro inteiro, já formado, vai com certeza ser bem mais complexo do que fazer isso com neurônios numa placa de petri [recipiente usado em laboratório para o cultivo de micro-organismos]”, explica o pesquisador.

Entre as barreiras que impedem a aplicação prática imediata da descoberta está a incapacidade do IGF-1 de chegar ao alvo. “O fator, quando administrado via oral ou pela veia, acaba indo muito pouco ao cérebro. Existe uma barreira [hematocefálica] que proteje o cérebro, filtrando ingredientes essenciais e evitando um ataque viral, por exemplo. O IGF-1 é uma molécula grande, que acaba sendo filtrada por essa barreira”, afirma Muotri. “Temos de alterar quimicamente o IGF-1 para deixá-lo mais penetrante.” Além disso, tanto o fator quanto a gentamicina são drogas não específicas, portanto causariam efeitos colaterais tóxicos se aplicadas em tratamentos com humanos.

Síndrome de Rett
O foco do estudo foi a chamada Síndrome de Rett, uma doença neurológica que faz parte do leque dos autismos. “Leque” porque o autismo não é uma doença única, mas um grupo de diversas enfermidades que têm em comum duas características bastante conhecidas: deficiências no contato social e comportamento repetitivo.

No caso dos portadores de Rett, há um desenvolvimento normal até algo em torno de seis meses a um ano e meio de idade. Mas então começa uma regressão. Além das características autistas típicas, neste caso bem acentuadas, eles vão perdendo coordenação motora e rigidez muscular.

Essa síndrome foi escolhida para o trabalho de Muotri, Carromeu e Marchetto porque tem uma causa genética clara – mutações no gene MeCP2 – e porque afeta os neurônios de forma mais acentuada, facilitando comparações e verificações de reversão.

“Talvez a implicação mais importante desse nosso trabalho é o fato de que os neurônios derivados de pessoas com autismo mostraram alterações independentemente de outros fatores. Isso indica que o defeito foi autônomo. Por isso, esse dado deve contribuir para reduzir o estigma associado a doenças mentais”, comemora Muotri. “Você não fica autista porque sua mãe não te deu o amor necessário ou porque seus pais foram ruins.”

Utilidade das iPS
Lygia da Veiga Pereira, doutora em Ciências Biomédicas e chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE) da USP, saudou a pesquisa: "É mais um trabalho que mostra a enorme utilidade das células iPS, não como fonte de tecido para terapia celular, mas como modelo para pesquisa básica, para entender os mecanismos moleculares por trás de diferentes doenças que tenham forte base genética."

Lygia faz uma ressalva sobre as características muito específicas da Síndrome de Rett. Como a disfunção é exclusivamente associada a uma mutação genética, ficam de fora os fatores ambientais que desencadeiam o autismo.

Ainda segundo a especialista, os resultados obtidos por Muotri também realçam "o que brasileiros podem fazer trabalhando com infraestrutura e agilidade para conseguir reagentes, por exemplo, e interagindo com uma comunidade científica de grande massa crítica".


MATÉRIA POSTADA NO SITE G1 DA GLOBO, ACESSE O SITE AQUI!!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Educação inclusiva MEC aplicará R$ 5 milhões em universidades para inclusão

O Ministério da Educação selecionou 31 universidades federais, dez institutos federais de educação, ciência e tecnologia e um centro federal de educação tecnológica (Cefet) para executar projetos de inclusão de pessoas com deficiência em suas sedes e campi. As verbas que serão aplicadas somam R$ 5 milhões.

Cada instituição terá entre R$ 66,6 mil e R$ 173,9 mil para investimento e custeio, recursos do programa Incluir, desenvolvido pelas secretarias de Educação Superior (Sesu) e de Educação Especial (Seesp). O prazo máximo de execução dos projetos será de 12 meses, com término fixado para 12 de dezembro de 2011. As cinco regiões do país tiveram projetos aprovados. Aparecem com maior número o Sudeste, com 12 propostas, o Nordeste, com 11, e o Sul, dez.

O programa Incluir tem entre seus objetivos implantar uma política de educação com inclusão, promover ações que assegurem o acesso e a permanência de pessoas com deficiência nas instituições públicas de ensino superior e eliminar barreiras físicas, pedagógicas e de comunicação.

Projetos - O edital do Incluir 2010 ofereceu às instituições federais de ensino superior a possibilidade de apresentar cinco tipos de ações: adequações arquitetônicas para acessibilidade física (rampa, barra de apoio, corrimão, piso e sinalização tátil, sinalizadores, alargamento de portas); aquisição de recursos de tecnologia assistiva (computador, impressora Braille, software para acessibilidade, linha Braille, lupa eletrônica, elevador); aquisição e desenvolvimento de material didático e pedagógico acessível; aquisição e adequação de mobiliário para acessibilidade; formação de profissionais da instituição para o uso dos recursos tecnológicos, da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e outros códigos e linguagens para a promoção da acessibilidade de pessoas com deficiência na educação superior.

Materia publicada no site da Revista Sentidos

Menino autista, com pavor de comer se alimenta por tubos


O caso de um garoto britânico que tem pavor de comer e precisa ser alimentado por tubos está gerando curiosidade no meio médico britânico. Daniel Harrison, de três anos, sofreu tanto com refluxos gástricos quando era bebê que desde então tem ojeriza ao ato de comer.

O menino não se alimenta pela boca desde então e é alimentado por tubos inseridos no estômago. Portador de autismo, Harrison tem dificuldades de se comunicar e interagir com o mundo ao redor, o que representa um problema adicional para o tratamento.
No fim do ano passado, ele teve de fazer uma operação nos pulmões após contrair gripe suína. A família, de Nottingham, já tentou buscar ajuda nos hospitais locais e em no hospital infantil de Great Ormond Street, em Londres, sem solução.

O pai do menino, Kevin, afirmou ao jornal local "Nottingham Evening Post" que não há nenhum fator médico impedindo o garoto de comer.

"Falando em termos médicos, não há nada", afirmou. "Está tudo na cabeça dele e ninguém consegue ajudar."

A família acredita que pode tratar o menino em uma clínica em Graz, na Áustria, quer diz ter conseguido tratar outros 12 casos semelhantes ao de Daniel nos últimos vinte anos. Entretanto, a viagem custaria mais de 20 mil libras (quase R$ 60 mil) e os Harrison ainda tentam angariar os recursos para o tratamento.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Concepção de deficiencia

Concepção de deficiência e de necessidades educativas especiais

Para conseguirmos distinguir as causas de tais necessidades, teremos de averiguar qual a natureza da necessidade, isto é, se é esporádica ou é permanente e se são ligeiras, médias ou profundas.

Para um aluno ter necessidades educativas é motivo de uma diferença para menos relativamente aos restantes membros da turma, diferença essa cada dia acentuada pela desvalorização de que é alvo. Em geral estes alunos são pouco solicitados para trabalhos de grupo ou brincadeiras, pela sua falta de destreza, o que os leva a não demostrarem e a não desenvolverem as suas possíveis aptidões.

Quando nasce uma criança deficiente, as pessoas tendem a mudar os seus comportamento, tornando a entrada na escola uma das situações mais difíceis para estas crianças. Daí a importância de a entrada na escola ser prevista o mais cedo possível.

Outro período crítico é o da adolescência, período no qual os valores sociais e as aspirações se chocam com uma visão de personalidade, de novo abalada e consciencializada pelo eu do deficiente.

Dentro dos estudos sobre a personalidade, os problemas psicológicos dos deficientes que mais têm sido investigados envolvem:

X problemas de personalidade;

X limitação da experiência e da exploração corporal psicomotora;

X introversão e frustração;

X ausência de responsabilidade.

A abordagem da problemática da deficiência deve e tem de ser mais positiva em termos de direitos humanos. A intenção de ajudar ou de rejeitar tem um papel fundamental na socialização do indivíduo, daí que a opção seja não alimentar dicotomias: normal/anormal; mas superá-las, avançando com a alternativa das necessidades individuais, ou melhor das necessidades educacionais especiais.

Por outro lado temos que:

Os inadaptados são os indivíduos cujas atitudes e comportamentos ficam à margem do seu envolvimento.

Quando se pensa em inadaptados pensa-se mais em normas e em valores sociais, e não em termos de independência funcional.

Por natureza, a inadaptação é uma condição de aprendizagem do deficiente e do não deficiente. A noção de inadaptado parece confusa e muito vaga, serve para tudo e para nada e não esclarece sobre as condições funcionais inerentes ao indivíduo deficiente ou não. Inadaptados somos todos nós, uns mais do que outros, em variadíssimas situações de aprendizagem. Por isso, não podemos confundir crianças inadaptadas com crianças deficientes.

A criança inadaptada pode não ser deficiente e como A. Freud explicou, podemos ter crianças deficientes perfeitamente adaptadas.

A criança deficiente envolve um aspecto biomédico enquanto que a criança inadaptada reflecte um aspecto social.

A definição de "criança deficiente" aceitada internacionalmente, e que foi aprovada pelo Council of Exceptional Children (CEC) no I Congresso Mundial sobre o futuro da educação especial, é o seguinte:

A criança deficiente é a criança que se desvia da média ou da criança normal em: características mentais, aptidões sensoriais, características neuromusculares e corporais, comportamento emocional e social, aptidões de comunicação e múltiplas deficiências, até ao ponto de justificar e requerer a modificação das práticas educacionais ou a criação de serviços de educação especial no sentido de desenvolver ao máximo as suas capacidades.

A partir desta definição, temos de estruturar um critério para distinguir crianças deficientes de crianças não deficientes e crianças com ou sem dificuldades de aprendizagem. A criança com dificuldades de aprendizagem não é deficiente. Na criança com dificuldades de aprendizagem verifica-se um perfil motor adequado, uma inteligência média, uma adequada visão e audição, em conjunto com um ajustamento sócio-emocional.

Desta base surge a necessidade de materializar a tendência mais actual da integração do deficiente, conferindo-lhe as mesmas condições de realização e de aprendizagem sócio-cultural, independentemente das condições limitações ou dificuldades que o ser humano manifeste.

O direito à igualdade de oportunidades educacionais é o resultado de uma luta histórica dos militantes dos direitos humanos, luta que implica a obrigatoriedade de o estado garantir gratuitamente unidades de ensino para todas as crianças quer sejam ou não deficientes.



CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM

Lei 9.394/94: As 10 concepções de aprendizagem

Na Lei da Educação, são muitas as acepções de aprender que podemos depreender a partir da leitura de seus dispositivos legais referente à educação escolar.

Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (LDB), promulgada em 1996, é uma lei emanada do Congresso Nacional. Como lei 9.394/96, deve ser cumprida e respeitada. No entanto, para os educadores, deve ser tomada, também, como uma espécie de livro sagrado e, sendo assim, reverenciada.

Na Lei da Educação, são muitas as acepções de aprender que podemos depreender a partir da leitura de seus dispositivos legais referentes à educação escolar.

São estes princípios, indicados abaixo, um importante exemplário de conduta para diretores, professores, pais e alunos e, por isso mesmo, devem nortear, à guisa de um decálogo da boa aprendizagem, às práticas escolares:

A liberdade de aprender como principio de ensino (Inciso II, art. 3º, LDB): cabe ao educador a tarefa de, no âmbito da instituição escolar, ensinar a aprender, mas respeitar, como princípio, a liberdade de aprender. Só se aprende a aprender, papel fundamental da escola, na sociedade do conhecimento, com espírito de liberalidade, com espírito de liberdade de perceber, conhecer e aprender a ver o mundo com os olhos de um ser livre. Ensinar só tem sentido, no meio escolar, quando a liberdade é guia para a ação de aprender.

A garantia de padrões mínimos de qualidade de ensino para desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. (Inciso IX, art. 4º, LDB): cabe ao poder público, através dos governos; às famílias, através dos pais e responsáveis e à sociedade, como um todo, ofertar um ensino de qualidade. A qualidade de ensino só pode ser medida sob enfoque da aprendizagem. Não há qualidade de ensino quando o aluno deixa de aprender. Não há aprendizagem sem a garantia, a priori, de que as condições objetivas de aprendizagem estão hoje e serão permanentemente asseguradas: dinheiro direto na escola e gestão democrática de ensino

O zelo pela aprendizagem dos alunos como incumbência dos docentes (Inciso III, art. 13, LDB ): aos docentes, o zelo pela aprendizagem do ensino é, antes de tudo, uma questão de compromisso profissional, ético, e resulta de uma atitude deontológica e ontológica perante seu papel educador na sociedade do conhecimento. Quando o aluno deixa de aprender, por imperícia ou incapacidade pedagógica, a escola perde o sentido de existir. Os alunos vão à escola para aprender a aprender, formar as bases de sua cidadania, para um exercício de co-cidadania, a partir do conhecimento do mundo e dos valores da sociedade.

A Flexibilidade para organização da educação básica para atender interesse do processo de aprendizagem (art. 23, LDB): À escola cabe a tarefa de patrocinar todas as formas eficazes de aprendizagem. O que interessa aos pais e agentes educacionais é a aprendizagem dos alunos. Se for preciso, deve a escola desmontar a estrutura antiga, mesmo que tenha sido a melhor referência educacional no século anterior. O importante é a escola fazer funcionar o ensino que garanta a aprendizagem dos alunos. A sociedade do conhecimento não se fossiliza mais em modelos, em paradigmas acabados: o paradigma novo, no meio escolar, é o devir, é a mudança constante.

A verificação do aprendizado como critério para avanço nos cursos e nas séries (item c, inciso V, art. 24, LDB): Quem aprende a aprender, isto é, passou a ser capaz de aprender com a orientação docente, deve ser incentivado a ir adiante e, seu tempo escolar, deve ser, pois aligeirado ou abreviado. A escola não pode ficar, com o aluno, mais de uma década, engessando seu andar, seu pensar, seu aprender. A escola é meio. A escola não é fim. O fim da escola é a sociedade. O fim da sociedade é humanidade, com toda carga semântica que esta palavra sugere no tempo e no espaço. O fim escolar, pois, é estar bem em convivência, em sociedade. Assim, a aprendizagem vem da interação. O que a escola deve ensinar é a estratégia de interagir, de aprender na socialização de idéias e opiniões, para que o aluno, desde cedo, se prepare para ação no meio social. É a vida social a verdadeira escola de tempo integral.

O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo, como estratégia para objetivar a formação básica do cidadão no ensino fundamental (Inciso I, art. 32, LDB): Ninguém nasce aprendiz, embora todo ser nasça para aprender. A capacidade de aprender deve ser, pois, desenvolvida nos primeiros anos escolares. Para tanto, devem ser definidas, desde logo, nas escolas, as estratégias de aprendizagem que priorizem a leitura, a escrita e o cálculo. O que fazemos na sociedade do conhecimento depende unicamente da leitura, escrita e o cálculo. Por isso, deveriam ser as três únicas disciplinas do currículo escolar. A escola não deve se ocupar de domesticar, isto é, passar a ser, coadjuvante, de um aparelho ideológico do Estado ou da sociedade política, de natureza coercitiva, assim como, historicamente, vem procedendo a Igreja e a Justiça. A escola deve unicamente preparar seus alunos para a vida em sociedade, para a prosperidade material e comunhão entre os homens.

O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores para objetivar a formação básica do cidadão no ensino fundamental (Inciso III, ar. 32, LDB): cabe à escola desenvolver estratégias para fortalecer a memória de longo prazo (MLP) dos educandos. A aprendizagem é o assegurar de informações e conhecimentos, por parte do educando, no seu “estoque de informação na memória”. Quem memoriza, pensa mais. Quem pensa mais, aprende mais. Quem aprende mais, emancipa-se mais cedo. O homem só aprende quando é capaz de manipular o que produz, os objetos, as mercadorias e as máquinas. Uma criança que depende de uma simples máquina de calcular para saber quanto é 2 + 2, ou 2 X 2 ou 2 X 9 ou 2 X 2,897 não está preparada para resolver, no mundo, de cabeça, soluções domésticas, cotidianas, imediatas, em interação com outro, que exigem, em ação rápida, uma decisão pronta, às vezes, uma questão de valor para a vida social. Aprender é espécie de gol de placa quando a bola não cai no pé mas na cabeça.

A adoção no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem,. (§ 2º, art. 32, LDB): cabe à escola criar as condições de aprendizagem, através de oferta das mais diversas e criativas formas de aprender, e não temer que seja avaliada por métodos inovadores, antigos, ou tradicionais. Por isso, a escola, pensando e agindo bem, fazendo com que seu aluno sempre venha a progredir, deve constantemente atualizar ou mudar seu ritmo de acesso aos saberes, e assim, seus docentes, devem estar atentos para as formas de avaliação que vão se desenhando nas instituições educacionais, não como forma de controle pedagógica, mas como forma de verificar se estar valendo a pena a mudança ou a alteração dos modelos novos instaurados no meio escolar. Mudar é preciso para a garantia da ação de aprender.

A garantia às comunidades indígenas da utilização, no ensino fundamental, de processos próprios de aprendizagem. (§ 3º, art. 32, LDB): aos índios e a todos os representantes das minorias, incluindo os pobres e negros, devem ter assegurados critérios justos de avaliação pedagógica. Devemos tratar igualmente a todos por suas diferenças. Isso requer mais trabalho, maior suor dos docentes, mas cumpre um papel importante de eqüidade na sociedade de classes. Quem respeita as minorias, transforma a escola em excelência de eqüidade.

A continuidade do aprender como finalidade do ensino médio para o trabalho e a cidadania do educando (inciso II, art. 35, LDB): quando concluímos a educação básica, devemos ser estimulados a seguir a caminhada rumo à Universidade, instância da educação superior. Lá, somos realfabetizados e descobrimos que aprender é um continuum: aprender é um processo que se dá, inicialmente, no meio escolar, mas perdura, por toda vida, na sociedade. Aprender é como beber água: é bom demais.
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CONCEPÇÃO DE CURRICULO:

CONCEPÇÃO DO CURRÍCULO

A composição do conjunto de atividades curriculares do curso considera, em princípio, duas situações: a de que, por tratar-se de um curso novo, há espaço para conceber uma matriz diferenciada de formação, que supere algumas características que se vêm cristalizando nos cursos de Letras, e ainda a possibilidade de contemplar-se o sopro inovador presente nas disposições mais recentes do CNE, especialmente as disposições da Resolução CNE/CP de 01/02/2002.

Desse modo, foram contempladas, na composição curricular apresentada, as seguintes questões:

Acolhimento da diversidade
Em se tratando da formação de um profissional da área de Letras, a questão da diversidade atinge duas vertentes: a diversidade cultural brasileira e, dentro dela, a diversidade lingüística. Desse modo, a Lingüística, a Língua Portuguesa, a Cultura Brasileira, a Língua Inglesa e as Literaturas Anglófonas, notadamente as pós-coloniais, são componentes curriculares que acolhem o trato de temas como: a oralidade e a escrita como modalidades que multiplicam as possibilidades de criação comunicativa, a variedade dialetal brasileira em seus aspectos sociolingüísticos, as especificidades da cultura brasileira com os debates atuais sobre etnia e gênero e temas relevantes da cultura brasileira e das culturas no âmbito da anglofonia.

Desenvolvimento do espírito de equipe e reflexividade crítica
O trabalho de prática e estágio contempla metodologias que supõem reflexão individual compartilhada com o grupo, favorecendo ”a reflexividade crítica e emancipatória sobre a prática cotidiana como principal aporte da presente proposta de trabalho” (Programa de Formação para Professores, SEC-BA 2003:10).

Avaliação como parte integrante do processo de formação
Além dos espaços internos de cada componente curricular, onde a avaliação do processo deve ser uma constante, a participação coletiva de docentes e discentes visa à imersão em processos de avaliação contínua, com reflexos evidentes na compreensão da avaliação como atividade e atitude permanente necessárias ao professor que se pretende formar.

Vivência de valores inspiradores de uma sociedade democrática
No âmbito específico de vários componentes curriculares, dá-se ênfase à questão dos valores democráticos. Entretanto, é na ambiência universitária e no processo de avaliação que essa vivência se tornará efetiva.

Para isso, o aluno deverá receber uma formação que propicie:

Compreensão da linguagem como fenômeno histórico, social, cultural, político e ideológico;
Compreensão das teorias lingüísticas e literárias;
Compreensão do papel do professor no Ensino Fundamental e Médio;
Domínio do uso da língua inglesa nas suas modalidades oral e escrita;
Compromisso com a ética e a responsabilidade social;
Capacidade de empreender uma busca permanente no desenvolvimento profissional;
Conhecimento das estruturas lingüísticas e seus usos em contextos variados, com competência para a produção e compreensão de textos orais e escritos na língua inglesa;
Correlação entre as transformações sócio-históricas e as mudanças lingüísticas e estabelecimento da relação entre língua, cultura e sociedade;
Reflexão acerca dos diversos gêneros textuais e literários com indicação das características estruturais que os definem e os distinguem;
Compreensão do processo de elaboração do texto literário, estabelecendo a conexão entre a literatura e os acontecimentos étnico-raciais, sociais, históricos, políticos e culturais;
Habilidade em tradução, tendo em vista correspondência semântica, sintática, pragmática e estilística na transposição do texto da língua inglesa para a língua materna;
Análise comparativa, envolvendo os níveis morfossintáticos, semânticos, estilísticos e pragmáticos entre a língua inglesa e a língua materna;
Competência para o exercício do magistério, com domínio de metodologias e teorias adequadas acerca do processo de ensino-aprendizagem, com capacidade para resolução de problemas, promoção de alternativas educacionais em seu meio profissional e avaliação permanente do desempenho dos alunos, da instituição e do seu próprio trabalho;
Utilização das tecnologias disponíveis como recursos básicos para viabilizar a aprendizagem;
Promoção das relações interpessoais, valorizando o sentimento de humanidade e as ações sociais, pacíficas e solidárias, com ênfase no trabalho coletivo.
DIMENSÕES E EIXOS CURRICULARES
Conforme prevê a legislação atual para a composição de currículos de licenciaturas, o que se propõe neste projeto engloba vários eixos temáticos que direcionam os tópicos a serem desenvolvidos e se complementam na sua execução. Para um curso de Letras dois grandes eixos constituem a base que norteia o desenvolvimento de temas específicos. A eles acoplam-se dois outros eixos menores, em princípio, mas indispensáveis à formação do profissional da educação. Os dois eixos maiores referidos são: o Eixo Lingüístico e o Eixo Literário, os quais reúnem a maior carga horária e o maior número de componentes. O Eixo Pedagógico e o Eixo de Atividades Complementares, referidos como eixos menores, exercem papéis de relevante dimensão por constituírem-se em articuladores. Portanto, não há porque pensar-se em subestimar a importância, para o currículo, de um ou de outro eixo. A importância de cada eixo temático não é medida pelo tempo dedicado ao desdobramento das atividades, mas pela forma em que cada um deles insere-se no outro no cumprimento dos objetivos do curso. Tem-se, assim, a dimensão exata do papel de cada eixo e de seus componentes curriculares.

EIXO LINGÜISTICO
As competências requeridas do profissional de Letras, naturalmente, estão quase todas centradas em treinamento mais acentuado de habilidades envolvendo a linguagem, as teorias lingüísticas, e o domínio da língua materna e/ou estrangeira. Os fundamentos da língua precisam ser completamente analisados com segurança nos seus vários aspectos, principalmente lingüístico, histórico e social. No caso específico da língua estrangeira, conforme já citado anteriormente, exige-se, ao final, que o profissional tenha completo domínio oral e escrito, com fluência e adequação em situações diversificadas de uso. Presume-se, a partir daí, que os principais componentes curriculares, e o maior tempo destinado à pesquisa neste curso devam priorizar o Eixo Lingüístico dada à dimensão que se quer atingir na proposta de formação de um profissional com o perfil desejado. Entende-se, portanto, que o Eixo Lingüístico é o que visa à construção do perfil do profissional da área de Letras, no que diz respeito às matérias de formação específica.

EIXO LITERÁRIO
O Eixo Literário, a exemplo do Eixo Lingüístico, volta-se também para a discussão de temas considerados mais relevantes para a pesquisa e desenvolvimento de trabalhos inéditos. Devem ser tratados e problematizados tópicos significativos da constituição da realidade social e cultural brasileira ou de fora do Brasil, noções de identidade nacional, diversidade étnica e cultural, localismo e universalismo. São temas que perfeitamente podem ser analisados criticamente em exemplares de língua portuguesa e/ou inglesa, tanto em textos canônicos bem como em textos produzidos à margem da cultura erudita. Podem se discutidos valores e representações sociais produzidos não só pelas culturas hegemônicas mas também pelas culturas periféricas. A discussão dos temas considera também a literatura numa perspectiva estética e cultural, como uma atividade histórica e socialmente construída em constante diálogo com produções artísticas e culturais diversas. O estudo dos tópicos diversos necessita dos aportes do campo da teoria e da crítica literária indispensáveis para a compreensão da própria literatura como um fato social e cultural.

EIXO PEDAGÓGICO
O Eixo Pedagógico pode ser considerado de menor dimensão mas não de menor importância. Tudo o que é visto, no que se refere a conteúdos de formação específica, não teria aplicabilidade se não houvesse os meios para tornar as teorias e as práticas úteis na construção do perfil para a docência. Faz-se, então, necessária a inserção do futuro profissional em ambientes de ensino/aprendizagem culminando com os estágios que podem, mas não necessariamente, devem ocorrer nos últimos semestres. É o eixo em que, de forma mais concreta, promove-se a discussão de políticas de ensino, estratégias de planejamento do ensino e da avaliação e, principalmente, a preparação para a inserção no contexto escolar.

EIXO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Enfim, o Eixo de Atividades Complementares é o que se encaixa como um elemento de expansão do que é tratado nos demais eixos, e que é desenvolvido de uma forma sem modelo prévio e circunstancialmente variável. Pode-se dizer que se trata de um eixo de integração, ou seja: um eixo que pode ser inserido nos demais, com programação de atividades que dizem respeito, ou tem relação com os temas de todos os eixos. Destacam-se atividades de extensão extracurriculares, não fixadas previamente, voltadas para a reflexão coletiva. As atividades neste eixo, contudo, requerem discussões de temas que envolvem áreas de conhecimento do curso e se voltam para questões emergentes.

sábado, 2 de outubro de 2010

Lição de casa no fim de semana. Sim, e sem ser chato! Veja dicas para esse momento não ser um drama para seu filho

Fim de semana. Momento de relaxar e curtir o filho. Programar passeios, assistir a filmes, receber os colegas das crianças em casa. Mas, no meio disso tudo, tem a lição de casa esperando na mochila.

E ela não pode - nem deve - ser vista como um drama para a criança. Muito menos como punição. “Os pais não podem falar para a criança: ‘agora você vai fazer a lição porque me desobedeceu”, diz Elaine Conceição Marquezini, coordenadora pedagógica do Colégio Santo Américo.

É claro que você vai ouvir alguma reclamação. Mas os pais têm o papel fundamental para incentivar o filho com as tarefas, ensinando sobre a responsabilidade que ele precisa ter com os estudos e a importância da lição para o seu aprendizado.

E isso deve acontecer desde cedo. Os pais, muitas vezes, pensam que a tarefa pode ser cansativa se a criança for muito pequena. Mas esse hábito desde o início da vida escolar fará toda a diferença quando ela estiver maior.

Confira, a seguir, algumas dicas para a lição de casa não ser um drama nos fins de semana:

- Embora dependa da organização da família, se for possível, combine com seu filho que o sábado de manhã é o momento de realizar a tarefa. Assim, ele ficará com o resto dos dias de folga “livre” para brincar;

- Não deixe seu filho fazer a lição em jejum. Aproveite que não tem a correria dos dias da semana e reúna a família para tomar um gostoso café-da-manhã;

- Proporcione um ambiente favorável. Claridade e organização são fundamentais;

- Não deixe nada competir com o momento do dever. TV, rádio, videogames devem estar desligados. Assim a criança não desvia a atenção e compreende que aquela hora é de estudar;
- Deixe livros disponíveis perto da criança para eventuais consultas. Assim ela não se dispersa ao ter de procurá-los;

- Apóie seu filho. Mas não faça a lição para ele;

- Nunca ofereça nada em troca da lição feita. Ajude-o a compreender que assim como a
organização dos brinquedos, a escola é sua responsabilidade. Depois da tarefa pronta, é hora de combinar os passeios para aproveitar o fim de semana.

Fonte: Elaine Campos Silva, educadora do Colégio Santa Maria

Matéria publicada pela REVISTA CRESCER

VIII Congresso Brasileiro de Autismo, em João Pessoa – PB.


VIII Congresso Brasileiro de Autismo (28 a 30/10)


Com o tema “Saúde mental e educação especial inclusiva”, acontecerá entre 28 e 30 de outubro o VIII Congresso Brasileiro de Autismo, em João Pessoa – PB.

As inscrições podem ser feitas no link abaixo:
http://www.amapb.com.br/inscricaoonline.php
Mais informações em pelo tel (83) 3045 2980 | 3226 2431
ou pelo e-mail amaparaiba@yahoo.com.br


PROGRAMAÇÃO DO VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE AUTISMO

Dia 28 de outubro de 2010 (quinta-feira)

09:00 – 09:30 Credenciamento
09:30 – 10:00 Apresentação da AMA-PB
Cleomar Martins de Lima (PB)

10:00 – 12:00 MESA REDONDA “POLÍTICAS PÚBLICAS”
Coordenação: Cleomar Martins de Lima (PB)

Políticas Públicas para Pessoas com Autismo
- ABRA: Marisa Furia Silva (SP)
- CONADE: Maria do Carmo Tourinho Ribeiro Vieira (SE)
- Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (DF)
- Ministério da Educação: Educação Especial (DF)
- Ministério da Saúde: Saúde Mental (DF)
- Secretaria Estadual da Educação (PB)
- Secretaria Estadual da Saúde (PB)

12:00 – 14:00 Intervalo para almoço

14:00 – 15:30 DEBATE
MESA REDONDA “POLÍTICAS PÚBLICAS”
Coordenação: Cleomar Martins de Lima (PB)

15:30 – 16:00 Intervalo

16:00 – 17:00 Funções Cognitivas e Comportamentais no Autismo
Luana Passos (PE)

17:00 – 17:30 Apresentação Musical
Thiago de Sandes (CE)

17:30 – 18:30 Solenidade de Abertura

18:30 – 20:30 Coquetel

Dia 29 de outubro de 2010 (sexta-feira)

9:00 – 10:00 Autismo e Sexualidade
Alex Sandro Andrade de Souza (PB)

10:00 – 11:00 Reorganização Neurofuncional
Ana Elizabeth G. Ribeiro de Albuquerque (PB)

11:00 – 12:00 A Pessoa com Autismo na Escola, como facilitar sua adaptação
Victor Eustáquio (PE)

12:00 – 14:00 Intervalo para almoço

14:00 – 15:00 Terapias Combinadas para Pessoas com Autismo
Ivalda Cesarina Gomes (BA)

15:00 – 16:00 Direitos Humanos: Inclusão e Cidadania das Pessoas com Autismo
Vivian Missaglia (RS)

16:00 – 16:30 Intervalo

16:30 – 20:30 MESA REDONDA “AUTISMO E DIREITOS HUMANOS”
Coordenação: Vivian Missaglia (RS)

16:30 – 17:30 Autismo no Brasil, um Grande Desafio!

(Anteprojeto de Lei Federal do Autismo)
Ulisses da Costa Batista (RJ)

17:30 – 18:30 O Papel do Ministério Público na Garantia dos Direitos das Pessoas com Autismo
Silvana Oliveira Almeida (BA)

18:30 – 19:30 A Defensoria Pública e o Acesso à Justiça pela Garantia dos Direitos das Pessoas com Autismo
Patricia Magno (RJ)

19:30 – 20:30 DEBATE MESA REDONDA “AUTISMO E DIREITOS HUMANOS”
Coordenação: Vivian Missaglia (RS)

Dia 30 de outubro de 2010 (sábado)

10:00 – 11:00 Tratamento Psicofarmacológico
Marcelino Bandim (PE)

11:00 – 12:00 Análise Aplicada do Comportamento
João Claudio Todorov (DF)

12:00 – 14:00 Intervalo para almoço

14:00 – 15:00 Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
José Salomão Schwartzman (SP)

15:00 – 15:30 Intervalo

15:30 – 16:30 Inclusão Escolar: O Privilégio de Conviver com as Diferenças
Adriana Helena Bueno Vieira (MG)

16:30 – 17:30 O Exame da Criança com Autismo: Diagnóstico e Avaliação
Francisco Baptista Assumpção Junior (SP)

18:00 Encerramento

” A inteligência da criança observa amando e não com indiferença, isso é o que faz ver o invisível.” (Maria Montessori)

COMISSÃO ORGANIZADORA
Vivian Missaglia (Inclusive)
Cleomar Martins de Lima (AMA-PB)
Milene Costa (AMA-PB)
Cleonice M. de Lima Coqueijo (UFPB)
Maria José Rangel (UFPB)
Lourdes de Fátima Alves Costa (AMA-PB)
Antônio Luis Ximenes (AMA-PB)
Amires Soares (UFPB)
Gabriela Souza (AMA-PB)
Ítalo Raniere (Design Gráfico)
Yone Regina M. de Souza (Relações Públicas)

AGÊNCIA OFICIAL DE TURISMO

BVTUR Brasil Operadora
Site: www.bvtur.com.br
E-mail: contato@bvtur.com.br
E-mail: reservas@bvtur.com.br
Fone: (83) 3513-7190/ 3513-7191

terça-feira, 21 de setembro de 2010

JANTAR DANÇANTE BENEFICENTE

EM COMEMORAÇÃO AOS 20 ANOS DE FUNDAÇÃO DA ADESD.

DATA: 29/10/2010

HORAS: apartir das 20h 30min

LOCAL: BKR Restaurante Ltda.

Rua Augusto Schmidt, nº 250. Floresta

CONVITES A VENDA na sede da ADESD, no 2º piso do Shopping Cidade das Flores

Fone: (47)3423-2102

SEJA SOLIDÁRIO, CONTAMOS COM SUA PRESENÇA!


CARNES

Alcatra

Strogonoff de Carne

Galeto

Filé de frango chapeado

Filé de Peixe a milanesa

Lombo Suíno (limão ou agridoce)

ACOMPANHAMENTO

Arroz

Batata Palha

Batata Sotê

Farofa com Bacon

Fritos Variados

Lasanha Variada (Frango/ carne/ 4 queijos)

Massa (espaguete) com Calabresa e Cheiro Verde

SALADAS

Maionese de Batata e Creme

Salpicão com Variações

Salada Italiana (Verdes mistos com Tomate seco)

5 Saladas da época

SOBREMESA

Banho Maria – Pudim de leite condensado

Manjar c/ calda de ameixa

Sagu de Vinho c/ molho branco

Gelados a moda da casa

Animação: Boate com DJ.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ADESD

ADESD - Associação de Síndrome de Down de Joinville foi fundada em 04 de outubro de 1990 por um Grupo de pais, amigos e profissionais da saúde e educação. Tem como objetivo auxiliar a pessoa com Síndrome de Down desde o seu nascimento até a fase adulta, buscando a integração entre família e sociedade na diminuição do preconceito, visando desta forma uma melhor qualidade de vida.


Missão:
- Receber as famílias e seus filhos com Síndrome de Down, ouvi-los e orientá-los quanto à melhor forma de se trabalhar e estimular a criança, integrando-a dentro da própria família e da sociedade.


O que é Síndrome de Down?

Síndrome de Down é uma alteração genética que acarreta um atraso do desenvolvimento, tanto das funções motoras do corpo, como das funções mentais. Um bebê com síndrome de Down é pouco ativo, molinho, o que chamamos hipotonia. A hipotonia diminui com o tempo, e a criança vai conquistando, embora mais tarde que as outras, as diversas etapas do desenvolvimento: sustentar a cabeça virar-se na cama, engatinhar, sentar, andar e falar. A síndrome de Down era conhecida popularmente como mongolismo. Atualmente, a forma de se nomear as pessoas que nascem com a trissomia 21 é: Pessoas com síndrome de Down.

Ocorrem muitos casos de SÍNDROME DE DOWN?

A síndrome de Down é relativamente freqüente: de cada 700 bebês que nascem um tem a síndrome. Atualmente, estima-se que existem, entre crianças e adultos, mais de 100 mil brasileiros com síndrome de Down.

A ADESD realiza atualmente 40 atendimentos individualizados e semanalmente a pessoas com Síndrome de Down em Joinville. Atende a pessoas há 20 anos, estes com idade de 0 à 40 anos de idade.

NOSSO VIDEO NO YOUTUBE CLIQUE AQUI!! E ASSISTA!!

sábado, 31 de julho de 2010

Oi blogueiros!!!

Oi amigos, como estão??
Espero que estejam gostando dos post's, tenho escrito e postados textos de outros sites relacionados a ed. especial.
Tenho recebido muitos e-mails e comentários, sempre que possível tento responde-los, afinal também tenho dúvidas em relação a vários assuntos e as vezes não sei responder algumas das questões !?!
Mas saibam que faço esse Blog de coração, amo a profissão que escolhi, e amo descobri coisas novas relacionadas a ed. especial, síndromes, deficiências etc.
Mil beijokas a todos que entram no BLOG.....BJU BLOGUEIROS do BEM!!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A dentista que desafia o autismo

Num consultório modesto no bairro do Tucuruvi, na Zona Norte de São Paulo, a dentista Adriana Gledys Zink atende pacientes especiais. Muito especiais. Ela se dedica aos autistas. Não apenas aos autistas mais colaborativos – aqueles que falam, estudam e podem até chegar ao mestrado. Adriana também socorre, de uma forma inusitada, os chamados autistas de baixo funcionamento. Aqueles que não falam, usam fralda e, quase sempre, são violentos.

Entre seus pacientes, há a mulher de 35 anos que arrancou um pedaço da bochecha da fonoaudióloga com uma mordida. Há também o menino que mastigou a falange do dedo da irmã. E ainda o pré-adolescente que arrebentou os dentes frontais da mãe. Como, então, Adriana consegue conduzi-los até a cadeira, fazer com que abram a boca e aceitem receber uma limpeza, uma restauração ou até mesmo a extração de um dente comprometido?

“Adriana é nossa encantadora de autistas”, diz Waldemar Martins Ferreira Neto, um dos sócios da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD). “Ela tem um dom especial. Às vezes ninguém consegue controlar uma criança, mas ela se acalma quando Adriana faz contato.” Não há mágica nessa história. Há um inspirador exemplo de dedicação. Em 2003, Adriana decidiu fazer especialização em pacientes especiais na APCD porque se comoveu com a situação das famílias. “Mesmo quem pode pagar não encontra dentistas dispostos a cuidar de autistas”, diz.

Quando precisa de atendimento odontológico (mesmo que seja uma simples limpeza), a maioria dos pacientes é internada num hospital para receber anestesia geral. Adriana decidiu tentar fazer diferente. Passou a frequentar reuniões de famílias de autistas, estudou os métodos de aprendizagem disponíveis e conseguiu adaptar algumas técnicas para a odontologia. Sua principal inspiração foi o método Son-Rise, criado nos Estados Unidos nos anos 70 pelos pais de um autista. A história dessa família foi retratada no filme Meu filho, meu mundo. O método incentiva os pais e os terapeutas a observar as preferências dos autistas e usá-las como recursos de aprendizagem. Outro método usado pelas famílias é o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (Pecs, na sigla em inglês). Por meio de figuras, a criança aprende a comunicar suas necessidades e a entender que uma atividade acabou e outra vai começar.

Adriana criou Pecs específicos para a odontologia. É assim que ela apresenta a máscara, a cadeira, o chuveirinho etc. Às vezes, precisa de quatro sessões só para conseguir convencer o paciente a sentar-se na cadeira. Quando isso não é possível e o procedimento necessário é simples, ela atende a criança no chão. Adriana quer que o método receba respaldo científico. Encaminhou um projeto de pesquisa à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e aguarda o resultado. Depois de comprovar a eficácia de sua abordagem, Adriana pretende ensiná-la a outros dentistas.

“Mesmo quem pode pagar não encontra
dentistas dispostos a cuidar de autistas”, diz Adriana
Todas as quartas-feiras, ela cuida gratuitamente de autistas, deficientes mentais (e de qualquer outro paciente que aparecer) no projeto social da escola de samba Unidos de Vila Maria. Até os 14 anos, Matias Cabral de Lira Junior (o Juca) nunca tinha ido ao dentista. Ele é deficiente mental e apresenta sinais de autismo. Embora não seja agressivo, Juca não fala e não engole a saliva. Também faz movimentos contínuos comuns entre os autistas, como sentar-se numa cadeira e balançar o tronco para baixo e para cima, sem parar. Há dois anos, Adriana conheceu Juca no consultório da escola de samba. Ele mora com a mãe num apartamento do Cingapura (conjunto habitacional popular que substituiu algumas favelas na capital paulista). Nunca estudou. “Tentei de tudo, mas nunca consegui matriculá-lo numa escola”, diz a dona de casa Marly Zulmira da Conceição, de 44 anos. A primeira providência de Adriana foi fazer uma longa entrevista com a mãe. Precisava conhecer todos os gostos de Juca. O que lhe agrada e o que o incomoda. Para que o trabalho dê certo, Adriana precisa de detalhes. Detalhes colhidos sem pressa.“Essas informações me ajudam a encontrar uma forma de entrar no mundo do paciente.”

No primeiro encontro, Juca não olhava nos olhos de Adriana. Tremia quando ela encostava nele. Para tentar estabelecer algum contato visual com o garoto, Adriana experimentou vários brinquedos. Bolinhas de sabão, desenhos, bichos de pelúcia. A única coisa que despertava o interesse de Juca era um carrinho emborrachado. Aos poucos, Adriana foi empurrando o carrinho para dentro do consultório. Juca o seguiu. Com fita-crepe, Adriana prendeu o brinquedo no refletor instalado acima da cadeira de dentista. Juca sentou-se na ponta da cadeira e levantou a cabeça para espiar o carrinho. Adriana acomodou uma das pernas dele sobre a cadeira e afastou-se um pouco para ver como reagia. Como ele ficou bem, a dentista acomodou a outra perna.

Depois de dois anos de acompanhamento, Juca está acostumado a Adriana e seus apetrechos. Na última sessão, quem saiu da caixa de brinquedos foi um Chico Bento de borracha. Ela movimentava o personagem encaixado sobre o dedo indicador direito enquanto, com outros dois, tentava relaxar o queixo de Juca.

– Abra a boca para o Chico olhar – Adriana pedia.

– Ahhhhhh – ele respondia.

Juca parecia seguro. Apesar de todas as limitações, a comunicação entre eles fluía. Adriana conseguiu de novo.

REPORTAGEM PUBLICADA PELA REVISTA ÉPOCA: ENTRE NO SITE AQUI!!

Sistema ajuda a identificar autismo em crianças pela voz


Pesquisadores americanos analisaram gravações de voz de crianças em seus ambientes naturais e conseguiram distinguir aquelas com desenvolvimento normal daquelas com autismo ou problemas de linguagem


Pesquisadores desenvolveram um sistema automático que pode prever a idade de uma criança, identificar se ela tem autismo ou atraso na forma como se expressa a partir da análise de gravações da voz dessa criança. O estudo foi publicado na PNAS Online Early Edition.

Kimbrough Oller, da Universidade de Memphis, nos Estados Unidos, e sua equipe analisaram cerca de 1.500 gravações diárias de mais de 200 crianças (o gravador foi preso às suas roupas) com idade entre 10 meses e 4 anos. Um sistema automático separa os sons produzidos pela criança de sons do ambiente, e classifica a voz de acordo com as características definidas pela teoria do desenvolvimento vocal. Os pesquisadores identificaram diferenças consistentes entre a voz de uma criança normal em desenvolvimento e a voz daquela previamente diagnosticada com autismo, ou retardo na linguagem. Eles também descobriram que as análises previram, de forma confiável, a idade de uma criança com desenvolvimento normal.

O primeiro fator que ajuda a prever a idade das crianças e as distingue em grupos diferentes é a capacidade de formar os sons das sílabas, que são as bases para a construção das palavras. Os autores sugerem que o método, que permite aos pesquisadores analisar milhares de declarações registradas nos ambientes naturais das crianças, pode em breve ajudar na detecção precoce do autismo e outros problemas do desenvolvimento da fala ou expressão. Quando a doença é detectada precocemente, os tratamentos são mais eficazes e tornam o paciente mais participante da vida em família e sociedade.
PUBLICAÇÃO DA REVISTA ÉPOCA: ENTRE NO SITE AQUI!

Como lidar com os distúrbios mentais na infância


João*, de 8 anos, não sorria para os familiares, não gostava de contato social e era agressivo com os pais. Conheça a história da mãe que teve de aprender a amar seu filho

Os craques santistas Neymar, Paulo Henrique Ganso e Robinho são os três ídolos de João*, de 8 anos. Assim como muitos garotos da sua idade, ele adora futebol e toda semana se reúne com os coleguinhas de escola para jogar uma "pelada". "Sou meia-atacante", diz orgulhoso. Na vida de João, porém, o esporte é mais que uma paixão ou divertimento. É uma forma dele se socializar e superar as dificuldades de um grave transtorno de desenvolvimento que já trouxe muita preocupação para sua mãe, a engenheira química Cláudia*.

O filho tão desejado por Cláudia nasceu em um parto complicado. Por causa disso, ele teve de ficar internado durante dez dias antes de ir para casa com a mãe. Conforme crescia, João demonstrava um comportamento pouco comum: não sorria para os familiares, não gostava de contato social, era agressivo com os pais sem motivo, não reagia afetivamente e não falava. Para a família, tudo aquilo parecia natural, coisa de criança. Até que, ao completar 1 ano e 8 meses, ele passou a frequentar um berçário. No ambiente escolar, ficou evidente que havia algo de errado: João batia nas outras crianças, não gostava das professoras e evoluía de modo incompatível com a sua idade. Os profissionais do berçário recomendaram então que Cláudia procurasse ajuda médica.

Levado a um psicólogo, foi constatado que João apresentava traços de uma criança autista, apesar de não ter autismo. O diagnóstico: Transtorno Global do Desenvolvimento. Sob o nome, estão incluídos graves distúrbios emocionais e transtornos relacionados à saúde mental infantil. "Os problemas dessas crianças não vêm necessariamente de uma debilidade intelectual nem de uma debilidade física", afirma Maria Cristina Kupfer, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) e estudiosa da psicose e autismo infantis há mais de vinte anos. "Seus problemas vêm de uma falha precoce no estabelecimento da relação com os outros."

Isso quer dizer que, para crianças como João, a construção do psiquismo voltado para o convívio social não se fez convenientemente. Nosso psiquismo (ou nossa personalidade) é construído para ser um instrumento de relação com os outros, uma espécie de porta aberta para o mundo. "A falha nesse processo é resultado de dificuldades, acidentes, entraves ou impasses ocorridos durante o processo de estruturação subjetiva da criança", diz a psicanalista Enriqueta Nin Vanoli, da equipe multidisciplinar da Associação Serpiá (Serviços Psicológicos para a Infância e Adolescência), de Curitiba (PR).

A análise do histórico de vida de João pode ajudar a entender como o problema se desenvolveu. Cláudia conta que o fato do menino não corresponder aos carinhos que recebia ainda bebê, evitar o seu olhar e não esboçar nenhum tipo de sentimento criou uma barreira entre ambos. Ela sonhara com um modelo ideal de criança a que João não correspondia. A frustração impedia uma proximidade, uma relação genuína de mãe e filho. "Era como se o João fosse uma criança qualquer. Apesar de estar ao seu lado fisicamente sempre, não conseguia me aproximar emocionalmente. Ele cresceu isolado de mim", afirma. Cláudia acredita que o problema no parto, de certa forma, criou uma ferida psicológica que marcou o garoto. "A verdade é que eu também tinha dificuldade de amar meu filho, talvez pelo meu histórico familiar. Cresci num ambiente em que as pessoas eram muito fechadas. Costumava me julgar uma pessoa carinhosa, mas dar carinho é diferente de dar amor."

O relato de Cláudia revela dois elementos que os especialistas costumam notar nos casos em que o Transtorno Global de Desenvolvimento é diagnosticado. Em primeiro lugar, há uma enorme dificuldade para os pais aceitar o não-olhar dos filhos, interpretado como falta de afeto por parte da criança. Em segundo lugar, o problema sempre envolve o menor e o adulto responsável por sua criação, ou seja, ele não pode ser concebido como um fenômeno que acontece com somente uma pessoa. “É preciso tomar cuidado, porém, para não culpar os pais, porque são coisas que não costumam passar pela consciência deles”, diz Jussara Falek Brauer, professora aposentada e coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas dos Distúrbios Graves na Infância do IP-USP. “A criança pode estar respondendo a algo de errado que está na mãe e que, às vezes, nem a própria mãe sabe que tem. Só por meio de análise é possível descobrir o que está acontecendo.”

Um estudo epidemiológico feito em 2008 pelo pesquisador americano Myron Belfer mostrou que até 20% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno mental grave. Se for considerado o espectro autístico, pode-se falar em uma criança em cada 150, de acordo com a agência Centers for Disease Control e Prevention (ou CDC), do departamento de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta uma taxa de 12% a 29% de prevalência de transtornos mentais na infância. De forma geral, a incidência de distúrbios como o de João é maior em meninos do que em meninas. Diagnosticar problemas psiquiátricos em crianças, no entanto, costuma ser difícil. "A partir de seis meses de idade, uma criança já pode mostrar sinais de autismo, como o não-olhar para a mãe, mas isso isoladamente não quer dizer que ela vá se tornar autista", afirma Maria Cristina. "É muito perigoso pegar um rótulo e colocar num bebê, porque ele vai procurar responder àquilo que todo mundo está falando que ele tem", diz Jussara.

Daí a necessidade de um diagnóstico feito por profissionais especializados. "Um bom acompanhamento médico é fundamental. Ele envolve um trabalho que deve considerar uma série de fatores, além da sutileza e singularidade de cada caso", diz Enriqueta. Foi o que aconteceu com João. Após a primeira consulta médica, ele já começou um tratamento que buscava reatar o diálogo perdido com os outros. Sua mãe também passou a se consultar com a mesma psicóloga responsável pelo acompanhamento do filho. "Nas sessões, eu aprendi como superar as minhas dificuldades de relacionamento com ele", afirma Cláudia.

Trabalhar a mãe e a criança com o mesmo profissional, mas em sessões individuais, é um dos segredos para o sucesso do tratamento. "Esse trabalho conjunto vai na direção da reconstituição da história familiar. A partir dele, tenta-se desfazer o emaranhado que cria problemas para a criança", afirma Jussara. A experiência da professora da USP mostra que 90% dos 105 menores que atendeu ao longo de sua pesquisa clínica na universidade deixaram de apresentar os sintomas que os levaram ao médico pela análise e correção do que havia de errado entre mãe e filho.

Seis anos após o início do tratamento, João leva hoje uma vida normal. Ele vai a uma escola comum – João está na segunda série do ensino fundamental de um colégio particular de São Paulo – , estuda inglês e, além de futebol, pratica natação e capoeira. Agora, convive bem socialmente, não se isola mais, gosta de conversar e qualquer dificuldade que tem recorre à ajuda da mãe. "Ele aprendeu a expressar muito bem o que sente. O distanciamento que existia antes acabou", diz Cláudia. Como João demorou para desenvolver seu lado social, o menino ainda apresenta algumas reações que não são adequadas, como querer exclusividade quando está brincando com um amiguinho.

Para mudar comportamentos como esse, ele frequenta duas vezes por semana a Associação Lugar de Vida, dedicada ao tratamento e à escolarização de crianças psicóticas, autistas e com problemas de desenvolvimento. Localizado no Butantã, na zona oeste de São Paulo, o Lugar de Vida iniciou suas atividades em 1990 como um serviço do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IP-USP. Lá, João participa de Grupos de Educação Terapêutica (GETs) com outras crianças. Há dois focos de trabalho nos GETs: o primeiro compreende atividades como movimentação em brinquedos de grande porte, corridas, jogos de pátio com regras simples, encenação de pequenas peças, aprendizado de músicas e escuta de relatos de histórias – atividades, em geral, de cooperação grupal para o desenvolvimento do laço social; o segundo foco é na escrita e compreende atividades para o desenvolvimento do desenho, do grafismo e da superação das dificuldades de alfabetização. Para os pais, há uma reunião uma vez por semana em que eles podem conversar sobre os problemas dos filhos com a mediação de uma psicóloga. Nos encontros, compartilham suas dúvidas, obtêm esclarecimentos e trocam experiências."É bom participar desse tipo de reunião porque a gente percebe que não está sozinha nisso", afirma Cláudia.

Contar com o auxílio de bons profissionais e abraçar o problema para superá-lo – sem buscar um culpado – foram os principais elementos para a melhora do filho, segundo Cláudia. “Se o pai e a mãe não estão ali para ajudar, nada adianta. No começo, eu e meu marido ficamos muito atormentados com o que estava acontecendo, e juntos conseguimos enfrentar a situação”. A mãe coruja diz que João já sabe o que quer ser quando ficar mais velho: jogador de futebol do Santos, seu time do coração. O menino que antes não sabia se relacionar se apaixonou por um esporte em equipe e ensinou sua mãe a amá-lo.

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade do menor e da mãe

REPORTAGEM PUBLICADA PELA REVISTA ÉPOCA: ENTRE NO SITE AQUI!!!

C.FED - Seguridade aprova fim de idade limite para deficiente frequentar escola

Comissão de Seguridade Social e Família aprovou na quarta-feira (7) o Projeto de Lei 6651/09, do deputado Márcio França (PSB-SP), que extingue a idade limite para o atendimento de portadores de necessidades especiais na rede regular de ensino. A proposta altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96).



O relator, deputado Ribamar Alves (PSB-MA), defendeu a aprovação. “É inquestionável essa proposta, que visa garantir, às pessoas com deficiência mental ou múltipla, o exercício de um direito subjetivo elementar, o direito à educação”, disse.



O PL 6651/09 assegura ao aluno, ou ao seu responsável, o direito de decidir quando solicitar a “terminalidade específica”. Esse termo designa o certificado concedido aos estudantes que não alcançam o nível de conhecimento exigido para a conclusão do ensino fundamental.



Discriminação



Atualmente, os estados adotam a prática de conceder a terminalidade específica quando o estudante completa 18 anos. Na prática, portanto, o PL 6651/09 pretende garantir o acesso à escola das pessoas com deficiência mental sem discriminação pela faixa etária e de acordo com sua capacidade intelectual.



Segundo Márcio França, “os portadores de necessidades especiais e suas famílias vêm sofrendo restrições ao pleno acesso à educação básica, principalmente ao ensino fundamental”. Para o deputado, “eles não devem ter um horizonte definido de tempo ou de competência”, acrescenta.



Tramitação



O projeto tramita em caráter conclusivo e ainda será analisado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.


Fonte: Câmara dos Deputados Federais

Publicação do site : http://www.iob.com.br/juridico/noticia_integra_new.asp?id=163752

Absurdo - Mãe diz ter sido agredida por controlar filho autista

A proibição de castigos físicos em crianças e adolescentes ainda é um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional. Mas, além da polêmica que suscita, também já vem servindo de justificativa para atos de intolerância e para mascarar a falta de conhecimento. A vítima, a mãe de uma criança autista, foi agredida dentro de um ônibus, enquanto tentava conter o surto da criança de 11 anos.

O caso ocorreu na última terça-feira, dia 20, quando a dona de casa Geisa de Oliveira Sapucaia, 37, levava o filho, de 11 anos, para uma consulta odontológica. O problema dentário, que perdura há um ano, tem deixado a criança irritada e menos acessível à imposição de limites.

Geisa, que mora em Simões Filho, estava num coletivo a caminho do Itaigara, quando o menino começou a tentar arrancar a lâmpada do ônibus. “Tive que contê-lo. Nós, mães de autistas, sabemos como fazer isso sem deixar marcas porque somos instruídas no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e na AMA (Associação de Amigos do Autismo da Bahia)”, diz Geisa. Uma passageira, contudo, desconhecia a situação e revoltou-se. “Você é uma mãe vagabunda. Vá procurar ajuda. Dê a criança para o Conselho Tutelar ”, teria dito a mulher, instigando os demais passageiros – duas pessoas que a acompanhavam e o cobrador.

Geisa admite que ficou nervosa e revidou com xingamentos. Foi então que, segundo seu relato, o cobrador e um passageiro a seguraram e a agressora, de nome Valdineia de Jesus Afonso, de acordo com registro policial, e sua prima, passaram a bater em Geisa. Ela conta que a sessão de chutes e tapas durou cerca de 15 minutos. O motorista teria se mantido impassível fazendo o trajeto do ônibus. “Quase fui linchada. Recebi chutes nas costas e cabeça, tamancada no rosto. Consegui forças para sair da situação. Foi quando me soltei e corri para o motorista”, conta Geisa, mostrando hematomas na cabeça e dizendo estar com dor na nuca, fruto das agressões físicas.

O grupo parou na Delegacia de Crimes Econômicos e contra a Administração Pública (Piatã), sendo conduzido por agentes da unidade para a 12ª Delegacia (Itapuã), onde foi registrada a ocorrência e o delegado Jorge Braz expediu a guia para exame médico-legal da mãe e da criança.

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Um projeto para melhorar o difícil dia a dia de quem tem filho autista

Projeto de Lei do Vereador Antonio Carlos Rodrigues da cidade de São Paulo propõe ações efetivas do poder público municipal para atender a pessoa autista.

Só pais ou parentes próximos sabem quantos cuidados exige uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo – termo pelo qual o problema é mais conhecido – é um transtorno invasivo do desenvolvimento, ou seja, algo que faz parte da constituição do ser humano e afeta a sua evolução. Caracteriza-se por alterações na interação social, na comunicação e no comportamento.

Apresentei à Câmara o Projeto de Lei PL 492/09 que, entre outras ações, propõe a abertura de vagas nas instituições públicas municipais de saúde especializada para todos que dela necessitarem e a utilização de métodos pedagógicos mais adequados para o aprendizado dessas crianças.

A superintendente da AMA – Associação de Amigos do Autista, Ana Maria Serrajordia Ros de Mello, afirma que "a proposta deste projeto está de parabéns por ser uma iniciativa de apoio a uma causa que necessita mesmo de apoio, pois está ainda bastante desamparada. O autismo necessita de tratamento individualizado e especializado e, portanto, requer capacitação de profissionais e recursos financeiros. Isto faz com que existam poucas instituições privadas de atendimento ao autismo. Ultimamente, o governo tem dado passos que geraram importantes avanços".

Este projeto teve alguma alterações sugeridas pela Comissão Pró-Autismo durante sessão da Comissão de Saúde , Promoção Social, Trabalho e Mulher.

Na Comissão o parecer foi favorável, mas o texto do projeto foi alterado através de um substitutivo apresentado pela Comissão.




O site do vereador é : http://www.antoniocarlosrodrigues.blog.br

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Lei permite várias interpretações Falta de clareza gera jogo de empurra no ensino regular

Além do preconceito, pais de crianças portadoras de deficiência precisam passar por cima das várias interpretações das legislações para garantir o acesso dos filhos ao ensino regular.

Para as associações e entidades representativas das pessoas com necessidades especiais, as leis são claras e obrigam que qualquer rede de ensino atenda os deficientes. Mas sindicatos das escolas e parte do Ministério Público entendem que não há como obrigar a inclusão no setor privado, sendo dever do serviço público.

Na edição de ontem, Zero Hora mostrou a dificuldade de duas mães para conseguir matricular seus filhos em escolas particulares. Essa situação indignou as entidades ligadas aos portadores de deficiência.

– Toda escola faz avaliação. O problema é quando essa avaliação é desenvolvida sem critérios – destaca Alex Garcia, presidente da Associação Gaúcha de Pais e Amigos de Surdocegos e Multideficientes.

Decreto salienta política nacional para deficientes

A Constituição garante o acesso à educação e aponta que isso deve ocorrer prioritariamente no ensino regular. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação referenda esse mesmo artigo e não avança no sentido da regulação.

Esse caminho foi tomado por um decreto federal, de 1999, que trata da política nacional para pessoas com deficiência. O texto aponta a matrícula compulsória em estabelecimentos públicos e particulares de pessoas capazes de se integrar à rede regular.

Segundo o presidente da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos, Tarcízio Cardoso, as escolas públicas precisam cumprir a lei, sob pena de perder recursos federais.

– Atingir o ensino privado ainda é uma questão de tempo. Com a inclusão cada vez maior, o Estado e os municípios não terão condições de atender sozinhos e deverão comprar vagas no setor privado – declara.

A promotora da Infância e Juventude Synara Buttelli afirma, no entanto, que não há como cobrar a obrigatoriedade no segmento particular.

– O que vai ocorrer no futuro é a compra de vagas, como ocorre hoje com os leitos de hospitais – explica.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado do RS (Sinepe), Osvino Toillier, aponta que o bom senso é a melhor alternativa.

– Há casos em que não é possível atender. O ideal é uma boa conversa para solucionar os problemas – salienta.

O que dizem as leis
> Três legislações regem o acesso de deficientes à educação. Embora garantam a oportunidade, nenhuma obriga as instituições de ensino privado a matricular alunos.
> A questão já chegou à Justiça, que normalmente orienta as escolas, principalmente as públicas, a atenderem o artigo 208 da Constituição que garante o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
> A Lei de Diretrizes e Bases da Educação e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) também consagram os princípios da Constituição, mas não obrigam a oferta do serviço.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Salas estruturadas nas escolas ajudam crianças autistas


Martim tem nove anos e é autista. Uma em cada mil crianças em Portugal sofre desta síndroma, estimam os especialistas. Porém, a mãe de Martim quer que o filho seja mais que uma simples estatística e luta para que seja cada vez mais autónomo. A criança frequenta uma das 187 unidades de apoio especializado para estes alunos, dividindo o tempo com uma turma "normal" na escola no Alto de Santo Amaro, em Lisboa.

É numa sala estruturada, "estupidamente organizada" (como diz com humor a mãe, Isabel Pedroso), que Martim aprende com a professora Nélia Martins as funções básicas de interacção social e a conquista de autonomia.

Martim apenas diz algumas palavras, "mas percebe tudo". Um dos objectivos é aprender a comunicar, algo que faz através de associações. "Tem um livro com imagens dos alimentos, da casa de banho, símbolos dos jogos e outras coisas. Assim, ele diz-me o que quer fazer. Ganhou iniciativa", salienta. Aos nove anos, ainda não aprendeu o "socialmente correcto". "Vai ao supermercado e começa a arrancar as etiquetas de promoções que encontra", contou. Mas Isabel diz que ele fez progressos. "Ele era muito impaciente quando tinha de esperar para comer. Agora já sabe sentar-se à mesa, esperar, ir buscar o prato..."

Isabel sabe que o filho terá sempre uma autonomia limitada, mas nem todos os casos são assim. A professora Nélia Martins diz ter um aluno que é muito evoluído e que se continuar com um bom trabalho poderá até ter um emprego: "Ainda que terá sempre de ser acompanhado."

Mas independentemente do grau de autismo, há pontos em comum nas salas estruturadas. Quer ao nível da organização quer da rotina de aprendizagem, em que lembram salas do pré-escolar.

"Têm os espaços delineados com fitas de cor. Há a área de grupo, da música, para brincar, área do aprender e do trabalho, entre outros espaços", explica Inês Larcher, terapeuta da fala da Associação de Pais e Amigos da Criança Deficiente Mental (APPACDM) de Lisboa, formadora no método.

É na área de aprender que os alunos começam a dar os primeiros passos rumo aos objectivos. Estão apenas acompanhados pela professora e só quando esta considerar que já adquiriu os conhecimentos, o aluno passa para a de trabalho, onde terá de fazer o que aprendeu sozinho: o início da autonomia ambicionada.

"Estas crianças eram vistas como não educáveis. Com esta metodologia percebeu-se que com uma estrutura rígida é possível mais tarde o autista ganhar autonomia", disse ao DN. E como diz Nélia Martins "são os miúdos das mil vezes", ou seja, são precisas muitas repetições para se concretizar um objectivo.

"Comer, vestir, ir à casa de banho, as relações com colegas e adultos são algumas das aprendizagens por que todos passam", afirma a professora. Depois há que aprender a ler os números, emparelhar - como juntar 1+1 - e resolver pequenos problemas de matemática, entre outros exemplos. Nélia Martins explica que para todos os alunos autistas são estabelecidos objectivos, depois de analisado clinicamente, que vão sendo alterados lentamente durante a evolução.

Os autistas não reagem bem a mudanças. Precisam de um horário rígido, com tudo organizado: "Se, por exemplo, vai faltar a terapeuta da fala, eu tenho de antecipar essa situação. Não lhe posso dizer que vai ter a sessão e depois mudar, a reacção pode ser má a nível comportamental."

O ideal para estes alunos é conseguirem estar o maior tempo possível com a turma "normal", e as salas estruturadas começarem a serem vistas como "explicações". Martim ainda passa grande parte do dia na sala estruturada, mas há alunos que já inverteram a situação.

Estas unidades estruturadas têm a metodologia TEACCH, que foi desenvolvida nos anos 70 pelo norte-americano Eric Shopler e que é cada vez mais usada. Actualmente, são mais as salas estruturadas no 1.º ciclo. Porém, começaram a surgir as de 2.º e 3.º para que as crianças continuem o trabalho.


O enigma do autismo

Ele vive no seu próprio mundo." A frase é bastante utilizada para descrever de forma leviana pessoas distraídas, que dão pouca atenção ao que acontece ao seu redor. As mesmas palavras, entretanto, ganham um significado muito mais enfático quando se referem a um portador de autismo - uma desordem neurológica manifestada por uma tríade de sintomas: déficit de interação social, dificuldade de linguagem e comportamento repetitivo.

O autismo não é uma disfunção única, mas sim um espectro de problemas, que variam de intensidade e tipo. Uma criança com um autismo leve como a síndrome de Asperger, por exemplo, pode conversar, frequentar escolas normais e ter uma vida independente quando envelhecer. É justamente por abarcar uma infinidade de comportamentos e sintomas secundários que médicos e cientistas preferem classificar o distúrbio, de maneira mais geral, como desordens do espectro autista (ASD, na sigla em inglês).

"É uma charada difícil de ser desvendada, e por isso decepcionante e frustrante", comenta o neuropediatra Leonardo de Azevedo, do IFF-Fiocruz (Instituto Fernandes Figueira), no Rio de Janeiro.

Azevedo realiza estudos clínicos sobre o autismo, em especial sobre a relação entre o distúrbio e o sistema imunológico do seu portador. Além dele, outros pesquisadores e médicos do setor de Neurologia do instituto têm as desordens do espectro autista como objeto de estudo, como é o caso do neurofisiologista Vladimir Lazarev e do neurologista Adailton Pontes, mais voltados para a neurofisiologia da desordem.

Episódios nos quais uma criança portadora de autismo é erroneamente diagnosticada e, por isso, não passa por tratamentos adequados, não são raros, mesmo hoje em dia. No Brasil, por exemplo, ainda há muitos casos de diagnóstico tardio.

Esse cenário está longe do ideal. É de consenso geral entre os cientistas: quanto antes for feito o diagnóstico do autismo, mais fácil e eficiente é o tratamento e, consequentemente, também a melhora. Para o médico Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, o ideal é que o diagnóstico seja feito quando a criança tem entre um ano e meio e dois anos.

" O mais comum, no entanto, é a partir dos três anos de idade", afirma.

A força da genética - Desde que o autismo foi descrito pela primeira vez, em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner, um sem-número de estudos já foi feito sobre a desordem, mas ela ainda é considerada uma das mais enigmáticas da ciência.

"Os fatores genéticos respondem por mais de 90% das causas para o autismo", explica o neuropediatra Leonardo deAzevedo.

Os outros possíveis fatores não são conhecidos, e podem ser, por exemplo, resultado de problemas durante a gravidez, como rubéola, toxoplasmose e acidentes.

No Brasil, a pesquisa genética também tem bons prognósticos. O laboratório coordenado por Vadasz no Hospital das Clínicas de São Paulo tem, além de uma área de diagnóstico e tratamento para distúrbios do espectro autista, um projeto de pesquisa voltado para a identificação de genes-candidatos à desordem e de tratamentos com células-tronco. Vadasz é otimista. Para ele, em cinco ou 10 anos, será possível realizar intervenções terapêuticas.

"A ideia é tirar células-tronco dos dentes de leite de crianças autistas, colocá-las em cultura e, com o tempo, diferenciar essas células em neurônios", explica.

Em seguida, os cientistas tentarão introduzir esses neurônios no sistema nervoso para suprir algumas falhas no processamento cerebral, numa técnica chamada de "reengenharia dos neurônios".

Se clinicamente o autismo é bastante conhecido e suas formas de tratamento já alcançaram relativo sucesso, os mecanismos pelos quais ele atua no cérebro ainda geram dúvidas. Muitas hipóteses consideradas têm sido derrubadas por falta de comprovação. De maneira geral, a teoria mais aceita pela comunidade científica é que as mutações genéticas causam falhas de conexão entre as diferentes regiões cerebrais, o que geraria problemas em algumas estruturas, como o cerebelo, o hipotálamo (onde se sintetiza, por exemplo, a oxitocina) e o córtex.

Oxitocina: uma esperança
Entre todos os genes candidatos, a descoberta de um deles tem gerado efeitos práticos mais concretos. Trata-se do gene responsável pelo controle da produção da oxitocina, um hormônio relacionado ao sistema reprodutor feminino, que é produzido no hipotálamo.

Apelidada de "hormônio do amor" graças ao seu papel nas relações interpessoais e nos comportamentos afetivos, a oxitocina tem sido analisada em vários países por seu potencial de tratamento de alguns comportamentos autistas, como a ausência de contato visual e a dificuldade de relação com outras pessoas. "Alguns estudos já comprovaram que pessoas com algum tipo de desordem do espectro autista possuem menos oxitocina no sangue periférico", explica Azevedo.

Foi a partir dessa constatação que instituições do mundo todo têm realizado testes que analisam os efeitos da ingestão de oxitocina em pacientes autistas sob a forma de spray nasal.

Dados os excelentes resultados em estudos, a expectativa é que futuramente se poderá tratar o autismo com oxitocina.

Tratamento - A oxitocina ainda está em fase de testes para o tratamento de sintomas do autismo. Por enquanto, o tratamento para o distúrbio passa por várias áreas médicas, e o grau de efetividade depende da idade em que é iniciado. A cura, entretanto, ainda não está num horizonte próximo.

"No entanto, há tratamentos comportamentais bastante efetivos que podem ajudar crianças e adultos a superar suas dificuldades", comenta o psicólogo Ami Klin, diretor do programa de autismo da Universidade Yale.

Para ele, o objetivo com esses tratamentos - em sua maior parte sem a utilização de medicamentos - não é curar, mas ajudar os portadores dessa desordem no seu relacionamento com outros

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