quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Equoterapia: as crianças especiais e os cavalos

A equoterapia é indicada para pessoas com deficiência ou com necessidades especiais de aprendizado e até para dependentes de drogas. Em alguns casos, ela complementa o tratamento de reabilitação convencional e faz as crianças avançarem muito.


A atividade começa com o contato com o animal. "O trabalho se chama hipoterapia, um dos programas da equoterapia para ajudar disfunções motoras. O andar do animal faz com que a criança se movimente para cima e para baixo, para a frente e para trás e para um lado e para outro. Esses exercícios desenvolvem o equilíbrio e a coordenação motora, fortalecendo a musculatura", explica a pedagoga Eveline Rezende Cappelle, diretora do Centro Integrado de Equoterapia (CIE), em São Paulo. Para a mãe de Yuri, além desses benefícios, o gostoso é ver como o filho faz do animal um parceiro. "Ao terminar a aula, ele abraça o cavalo e depois o alimenta com a comida que preparou", conta Roberta.

Indicação médica
A terapia com cavalos requer indicação médica, pois há casos em que o trabalho é contra-indicado. "Por exemplo, na presença de algumas cardiopatias, de convulsões incontroláveis e de luxação congênita", explica Eveline. Crianças a partir de 2 anos já podem fazer, após uma avaliação em que se verifica o tipo de tratamento. Dependendo do caso, a "montaria" incluirá o acompanhamento de psicólogo, fonoaudiólogo, pedagogo, fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional. "Geralmente, a criança que mais nos procura tem múltiplas deficiências, o que leva a uma mescla de programas", afirma a fisioterapeuta Tânia Frazão, coordenadora do Centro de Equoterapia da Escola de Equitação do Exército, no Rio de Janeiro.

Estímulo aos sentidos


O programa pré-esportivo pode funcionar como um lazer. Em geral, os alunos têm mais autonomia. São capazes, por exemplo, de conduzir seus cavalos para realizar as atividades propostas, como jogos que trabalham a psicomotricidade e os relacionamentos em grupo. Luís Henrique, de 10 anos, fez essa equoterapia. Ele tem paralisia do lado direito do corpo e dificuldade na fala em conseqüência de uma meningite. "Meu filho estava estressado de ir aos consultórios todos os dias. Falei para ele da equoterapia como um lazer. Quando percebeu que era um tratamento, já estava integrado às atividades e achava gostoso", conta o pai Guto Cappio. O menino teve melhoras na coordenação motora e na fala, mas tomou tanto gosto pela montaria que hoje pratica hipismo numa escola em São Paulo. Ganhou até uma égua, a companheira Tempestade. "Nos últimos jogos paradesportivos de que participou, ficou entre os dez primeiros colocados", orgulha-se o pai.

Equoterapia pelo SUS
O trabalho terapêutico com cavalos chegou ao Brasil em 1989, com a fundação da Associação Nacional de Equoterapia (Ande). Mas a técnica tem séculos de história. Segundo especialistas, Hipócrates, o Pai da Medicina, já defendia a equitação como meio de regeneração da saúde mais de 300 anos antes do nascimento de Cristo. "Em 1917, formou-se a primeira equipe de equoterapia para atender feridos da I Guerra Mundial", conta o fundador e presidente da Ande, o coronel Lelio de Castro Cirillo. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina reconheceu o método em 1997. Hoje, a Ande representa 250 centros de equoterapia no país. Uma das normas da associação é que 20% das vagas nesses centros sejam gratuitas. "Muitas instituições, com a ajuda de patrocinadores, já conseguem oferecer mais. Nossa meta, agora, é incluir a equoterapia no SUS, para que depois também possa fazer parte dos planos de saúde particulares", diz Cirillo.

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