domingo, 24 de maio de 2009

Duas faces da Educação Especial


Tenho de admitir que a educação especial anda me surpreendendo. Para o bem e para o mal.

De uma lado vejo escolas que se dizem democráticas, modernas e sem preconceitos perpetrando barbaridades que fariam os próceres da educação especial corarem de vergonha.

De outro, com muita satisfação, tenho recebido notícias frequentes de entidades que foram construídas com base na segregação e estão andando em ritmo de fórmula 1 na defesa do direito à educação das pessoas com deficiência.Uma mãe me copiou um diálogo que teve com a escola onde está a sua filha. A menina está há três anos na escola e até o momento teve desenvolvimento pedagógico igual a zero.

Alguém pode alegar que ela tem uma deficiência "severa" o que dificultaria o aprendizado. Isso não deveria servir como desculpa, afinal, para que serve a dita educação especial se não é para lidar com os casos mais complexos ?No entanto, o que realmente tem dificultado o seu aprendizado é o fato de que a escola não ensina nada.

A menina poderia estar alfabetizada, usando o computador como tecnologia assistiva, tendo acesso a conteúdos curriculares. Mas, ah...a coitadinha é "deficiente severa" e, a escola, que se diz especialmente qualificada para atender esse público, funciona apenas como um espaço de ocupação de tempo das crianças que estão por lá.Se não bastasse todo esse circo de horrores, questionada pela mãe, a coordenadora se disse "a favor da inclusão. Mas que a decisão de incluir é dos pais e não da escola..." (e torcendo para que pais esclarecidos não tomem essa atitude, senão a escola vai fechar).

Nem todas as notícias são ruins. Tem muita gente grande por aí que entendeu que educação especial não é depositar crianças em salas com massinha e material de pintura. Aliás, descobriu que educação especial não é ter uma escola, mas dar apoio especializado às escolas comuns.Literalmente estão fechando as portas das escolas.

Não das instituições (que, aliás, prestam uma série de outros serviços, especialmente de saúde), como alguém poderia imaginar.Num primeiro momento têm de enfrentar a fúria de muitos pais que preferiam seus "filhinhos especiais" num lugar onde eles pudessem passar o dia sem dar trabalho para eles, pais.Também estão ouvindo toda a choradeira dos professores municipais que estavam alocados na escola especial em bairros agradáveis e que agora vão ter de trabalhar até em escolas da periferia...Apesar disso, estão trabalhando seriamente na colocação de seus ex-alunos em escolas comuns (algumas já colocaram todos).

E não pense que essas entidades estão oferecendo atendimento educacional especializado no contraturno dos alunos, o que elas estão fazendo é dar apoio para que as próprias escolas comuns dêem conta do recado.As pseudo-escolas especiais não vão desaparecer, é verdade, afinal sempre teremos pseudo-pais que se valerão desse tipo de serviço de empurra-empurra.Por outro lado, quem leva a educação à sério só vai se fortalecer. E ajudar a criar seres humanos com direitos humanos e autônomos.


Descrição imagem : jovem com paralisia cerebral (encefalopatia) séria, na seu cerimônia de formatura numa escola comum.

4 comentários:

Anônimo disse...

fernanda adorei o seu blog sou professora de educação especial gostaria de saber quantas sala um municipio pode ter de recurso e se todas as salas pode ser atribuida para professores sem qualificação a unica coisa que eles estão pensando e no fudb

Anônimo disse...

fernanda adorei o seu blog sou professora de educação especial gostaria de saber quantas sala um municipio pode ter de recurso e se todas as salas pode ser atribuida para professores sem qualificação a unica coisa que eles estão pensando e no fudb

Maria Amelia Cerqueira disse...

Oi Fernanda que bom saber que podemos contar com uma pessoa como você, fico muito feliz. Sou professora da Educação Especial, trabalho na sala de recursos, e gostaria que me mandasse alguns jogos didáticos dos quais você trabalha.Também sou apaixonada pela educação especial e luto por essa causa.Meu Email é mameliacerqueira@hotmail.com e meu nome é Maria Amélia cerqueira, resido em Teófilo Otoni-MG. Beijos e Deus Abençoe o seu trabalho.

Anônimo disse...

Oi
Parabéns pelo Blog.
Sou professora de História e faço curso de libras. Estou muito interessada em tudo que diz respeito à inclusão e adorei o seu Blog.
Débora

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